quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Jardim Gonçalves sai até ao fim do ano

"Virar a página". Foi desta forma que o presidente executivo do BCP classificou o dia de ontem. Ou seja, o dia em que Jardim Gonçalves renunciou a todos os cargos no banco, com efeitos a partir de 31 de Dezembro, e a data em que Filipe Pinhal divulgou os nomes que integram a lista de sete pessoas que propõe para integrar o Conselho de Administração Executivo e que será submetida à próxima Assembleia Geral - tendo Pinhal manifestado já a sua convicção de que recolherá o apoio da maioria dos accionistas.

Dos sete nomes que integram a lista, apenas dois da actual equipa se mantêm (ver caixa). No comunicado que enviou ontem ao mercado, o BCP informa que, "até ao momento", a lista já tinha sido subscrita por 22 membros do Conselho Superior, tendo Filipe Pinhal precisado ser sua intenção convidar outros accionistas a subscrevê-la.

A par da divulgação oficial daqueles nomes, o dia de ontem foi marcado pela renúncia de Jardim Gonçalves a todos os cargos no banco, nomeadamente o de presidente do Conselho Geral e de Supervisão e do Conselho Superior. Esta renúncia tem efeitos a partir de 31 de Dezembro próximo, ou seja, um ano antes terminar os seus mandatos.

"Não exercerei funções no banco, mas não saio", referiu Jardim Gonçalves numa conferência de imprensa, tendo clarificado que não sair significa manter-se como cliente e accionista. Para o fundador do banco, "é tempo de pôr fim à incerteza e marcar um rumo bem definido", afirmando ainda ser sua convicção de "que urge clarificar" os interesses específicos que ao longo de 2007 têm divergido do interesse colectivo e de longo prazo da instituição.

Depois de classificar o dia de ontem como um "virar de página" e "uma tentativa de nos libertarmos de um passado que incomoda", Filipe Pinhal assegurou que, apesar das acusações de perdões de dívidas afectarem a imagem do banco, não o intimidam. "Não me intimidam e não afectam o meu trabalho", precisou. Sobre o futuro do banco, diz não ter desejos pessoais sobre operações de concentração, mas admite que o cenário de fusão com o BPI possa novamente vir a ser explorado.

Sobre a lista que vai apresentar à AG, afirmou que a sua composição "bebe" a sua experiência de 22 anos no BCP e o que foi escutando entre os accionistas. E fez questão de sublinhar que os nomes que escolheu são da sua inteira responsabilidade, não tendo tido "qualquer tipo de pressões". Em resposta à convicção de Filipe Pinhal de que a lista recolhe o apoio da maioria dos accionistas que votarão na AG, Joe Berardo disse à Agência Lusa que o consenso será impossível, porque "o presidente e vice-presidente do BCP estão sob investigação".

Pinhal diz que lista dá sinal de abertura e continuidade

Continuidade, capacidade de gerar competências e abertura. São estes os "três sinais" que, segundo Filipe Pinhal, a sua proposta de lista para o CAE integra. A continuidade está expressa na manutenção do próprio Filipe Pinhal como presidente executivo e de Christopher de Beck na vice-presidência, pois são os únicos dois nomes que transitam do actual Conselho de Administração Executivo.

Paulo Macedo, ex-director geral dos Impostos, José João Guilherme, director de Inovação e Promoção Comercial, e Miguel Maya, actual chefe de gabinete de Filipe Pinhal, são o "sinal" da capacidade do banco em gerar competências. Completam a lista Rui Horta e Costa (ex-administrador financeiro da EDP) e Alves Monteiro (que já foi presidente da Bolsa de Valores de Lisboa), que dão o sinal de abertura. Uma abertura que, segundo Filipe Pinhal, mostra que "não existe nenhuma nomenclatura que se instalou na cúpula" da instituição.

Bastos Gomes, Castro Henriques, António Rodrigues, Alípio Dias, Francisco Lacerda e Baguslaw Kott são os seis actuais administradores que não são chamados a acompanhar a nova equipa que se propõe para o triénio 2008/2010. Resta saber como votará a AG, que deverá ser em Janeiro.

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